No ultimo dia 30 de julho, o Advogado Peter Siemsen, pré-candidato à presidência do Fluminense nas eleições de 2010, esteve em Brasília num encontro com a torcida tricolor. Minhas impressões a seguir.
O Fluminense
Não vi, durante uma hora e meia que estive no local, nenhuma novidade ou qualquer podridão do fluminense que eu já não soubesse. Falou, falou, falou, mas pra mim, nada daquilo era novo ou me impactava.
Sócios
De acordo com Peter, sua visita a Brasília simplesmente é para contabilizar novos sócios par ao clube, com isso tendo a oportunidade de mudar a política tricolor. Em seu discurso, deixou claro que sua visita a Brasília não é eleitoreira, mas sim um instrumento para angariar novos sócios. No fundo sabemos que não é bem assim, mas a iniciativa é válida.
O Candidado
Não tenho como dizer que fiquei impressionado com ele, porque realmente não fiquei. Sinceramente esperava mais da palestra. Não foi apresentado um “plano de governo”, até porque ele ainda é pré-candidato e sei que nessa hora é preciso “camuflar” algumas coisas, mas não me chamou atenção com nenhuma novidade. Acho ainda, que num embate pessoal, com o microfone na mão, Julio Bueno se sairia melhor, mas isso não quer dizer que é um melhor candidato.
Por ter interpelado ele umas três vezes durante a palestra, fui taxado carinhosamente pelo mesmo como “do contra”. Essas coisas são engraçadas né? Quando acabou a palestra, alguns tricolores vieram falar comigo dizendo: porra joe, pegou pesado hein?! Joe, tu encurralou o cara.
Isso me incomoda mesmo. Fui “do contra” porque? Contra ele ou o Fluminense? Não conheço o cara, tenho que perguntar. Não é isso que cobramos daqueles que elegemos?
Fiz perguntas básicas a ele, como:
- Na primeira gestão do Presidente Horcades, como avalia sua atuação como conselheiro eleito?
Não me lembro textualmente, mas Peter disse que as reuniões de conselho do Fluminense são complicadas, pesadíssimas e muito desgastantes. Neste momento disse a ele que ninguém colocou uma arma em sua cabeça e exigiu que fosse conselheiro. Que uma vez lá dentro, tem que desempenhar o papel e se fazer presente.
Peter disse também que no momento que o Fluminense precisou, ele estava lá, se fez presente e deu tudo de si pelo clube.
Sinceramente me soou como se estivesse jogando pra galera, mas essa é somente minha opinião.
-------- Pausa ------
Conversando com um amigo, o mesmo me disse que alguns se tornaram Conselheiros do Fluminense, por indicação de um parente ou grande amigo, incluindo seu nome na lista sem ao menos os consultar.
Bem, é justamente isso que não concordo. Não que dessas pessoas não possam surgir conselheiros úteis ao Fluminense, mas não concordo com esse comportamento, com essa máquina. O que disse a ele foi o seguinte: Brother, nada pessoal contra essas pessoas, mas isso não pode acontecer. Nem com você, nem comigo, nem com ninguém. Porque amanhã vou comer um pastel no bar da piscina e pode ter um conselheiro flamenguista, botafoguense ou que nem liga para o futebol, comendo ao meu lado e nem ligando para a política do clube. Dane-se que foi o pai, tio ou padrinho dele quem o colocou lá, isso não pode acontecer.
Retratei esse episodio, que para mim mostra bem o que pode acontecer dentro do Fluminense, não discutindo pessoas, mas tais atitudes abrem um precedente vicioso para um tão cambaleado Fluminense.
Numa boa, não sei qual o envolvimento/interesse dessas pessoas com o Peter ou o Fluminense. O cara quer ser Presidente do meu clube de coração e não vou interpelá-lo por que cargas d’água? Eu mesmo disse a ele depois, quando alguns de nós saímos para jantar. Conversamos numa boa, é um cara educado, letrado e atencioso, mas não o conheço.
- Perguntei também se ele tinha algum tipo de arrependimento de ter se aliado a Marcus Furtado, David e Marcelo Fischel e Milton Mandelblatt em sua primeira candidatura.
Peter disse que foi necessário, mesmo sabendo das conseqüências, era um preço que ele estava disposto a pagar e que não foi ele quem procurou essas pessoas e sim elas o procuraram.
Paralelo
Em 1996/97, não me lembro ao certo, eu e mais alguns tricolores de Brasília organizamos uma palestra para a Vanguarda Tricolor se apresentar. Na época, A Vanguarda, era o oásis para a maioria dos tricolores apaixonados por seu clube, principalmente para os que não viviam o dia-a-dia do clube no Rio de Janeiro. Na época recebemos lá Antonio Gonzáles e outro representante do grupo que não me recordo o nome.
Bem, todos nos sabemos o que aconteceu depois.
Vejam bem, não estou comparando uma pessoa a outra, nem um grupo a outro, mas só tentando deixar claro que isso não mais me seduz. É preciso muito mais. Já vi, revi e revivi esse filme algumas vezes.
Fui ao rio certa vez convidado pelo Sr. Francisco Horta, para estar em sua posse do Triunvirato. Fui com ajuda do meu amigo Junior Cysne. Chegando lá o Presidente me recebeu (na época mantínhamos contato via telefone), conversou comigo e me tratou muito bem. Meses depois, por pressioná-lo em algumas decisões equivocadas que tomou em seu mandato, me destratou no telefone e disse a ele que daria o recado a torcida tricolor. A frase o Ex-Presidente Horta foi – Não me importo com o que o torcedor da internet fala, o que ele pensa ou o que ele faz. Pode dizer isso a eles.
Acredito que esse fato ainda pode estar publicado nos primórdios do Fala tricolor(www.sempreflu.com.br).
Hoje sei, ontem não sabia como funcionam essas coisas e principalmente no Fluminense. Hoje, quando precisam de você de alguma forma, seja um voto, um conselho, ou qualquer mercadoria que valha, tudo é maravilha.
Não me seduzo fácil mais. Não basta ser belo, experiente, bonito, boa lábia, não vai mudar minha impressão. Meu compromisso maior é com o Fluminense, justamente por isso estou entrando de sócio. Não sei ainda se essa é a saída, mas pode ser uma delas.
Unimed
Um dos pontos que não gostei da postura do Peter, foi no assunto Unimed. Peter disse que pretende continuar trabalhando com a Unimed, que Celso Barros, apesar de seus devaneios, é um grande cara e que pode ajudar muito o Fluminense ainda. Não nos moldes de hoje, mas tem muito que ajudar. Peter por mais de uma vez, fez referências a Unimed no futuro, o que me parece já ter tido até uma conversa com Celso sobre isso.
Bem, achei essa postura infeliz. O mais sensato seria se posicionar justamente no oposto de sua atitude. O que eu gostaria de ouvir de um candidato hoje sobre Unimed é o seguinte:
- Hoje o Fluminense vive uma co-gestão com a Unimed e isso é muito claro. No futuro não será assim e nem sei se a Unimed será nossa parceira. É claro que existe um desgaste para ambos os lados, mas somente fruto a ingerência da Presidência do Clube que permitiu tamanha participação, não de um patrocinador, mas de um torcedor patrocinador. No futuro, se for eleito, vamos sentar e ver o que é bom para o Fluminense. Vamos deixar a Unimed nos cortejar, nos paquerar e ver o que tem a nos oferecer. Não é o Fluminense que vai fazer isso, justamente porque é o Fluminense.
Se o namoro não for bom, continuamos sendo o Fluminense e vamos procurar outros que nos cortejarão. Porque me ater somente e exclusivamente a Unimed se posso conversar com a Petrobras, Samsumg, Nestlé e qualquer outro grande investidor.
Hoje, como candidato minha posição é essa: Sendo Unimed ou não, só será nossa parceira, se a parceria for muito boa pro clube e sem nenhum tipo de intervenção.
Essa seria mais ou menos a resposta que gostaria de ouvir sobre a Unimed. Infelizmente a que o Peter nos apresentou no ultimo dia 30, passou longe disso.
Conclusão
Acho válida a vinda de qualquer pré-candidato à Brasília, tanto para fazer campanha própria quanto para angariar novos sócios.
O Peter Siemsem que se apresentou em Brasília e conversou comigo num jantar por algumas horas, não é o ponto de inflexão na política do Fluminense que todos clamam, mas não vejo ninguém também com essa característica.
O mais prudente é conhecer cada candidato e seus projetos de gestão, agora é tudo muito cru ainda. De positivo para o Fluminense, a entrada de novos sócios para oxigenar um ambiente tão poluído e vicioso e a crença que não cessa jamais, que o futuro do Fluminense pode ser muito mais promissor que sua triste realidade.